sexta-feira, 12 de junho de 2009

USP: PM responde com bombas protesto contra Serra


Em protesto contra a presença da Polícia Militar (PM) no campus, cerca de dois mil estudantes da Universidade de São Paulo (USP) bloquearam o acesso à portaria 1 da universidade, interditando a rua Alvarenga e a Avenida Afrânio Peixoto. Os manifestantes jogaram flores nos policiais e gritaram “fora PM”. Em clima de tensão, a PM negociou a dispersão dos estudantes por volta das 17 horas. Logo após o acesso ter sido liberado, a PM não se deu por satisfeita e usou balas de borracha e bombas de efeito moral contra os estudantes. Um pouco antes, uspianos tentaram bloquear a saída do governador José Serra (PSDB) na Vila Mariana.

Aproveitando a presença do governador de São Paulo em um centro médico na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, seis estudantes da USP tentaram bloquear a saída de Serra do local na tarde desta terça-feira (9). Seguranças, porém, retiraram o grupo para possibilitar a passagem do carro do governador.

O incidente ocorreu às 15 horas e 45 minutos, em frente ao Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids (CRT), onde Serra inaugurou um ambulatório para atendendimento exclusivo a travestis e transexuais. Quando Serra entrou no carro, os seis jovens estudantes se posicionaram em frente à saída de veículos e descerraram duas faixas com os dizeres: “Democracia Já. Diretas para a Reitoria” e “Serra: Fora PM. Nova Repressão na USP”.

Quando o carro do governador começou a sair do CRT, seguranças que caminhavam em frente ao veículo se dirigiram ao grupo. “Eles pediram para que nós atravessássemos a rua”, disse o estudante de História Maykon Santos, de 24 anos. “Respondemos que não sairíamos, pois estávamos na calçada”, completou. Com a negativa, os seguranças afastaram os jovens da saída de veículos, permitindo que o carro do governador saísse do local.

Apesar de não terem conseguido conversar com Serra, os estudantes dizem acreditar que o tucano viu as faixas. “Acho que ele conseguiu ler o que estava escrito antes de entrar no carro”, disse Santos.

Bloqueio do Portão 1

As ruas foram fechadas por volta das 15 horas 20 minutos desta terça-feira (9). Antes, servidores em greve há mais de um mês e estudantes haviam realizado uma assembleia em frente à reitoria. Com carro de som e cartazes, eles reivindicam a saída da Polícia Militar da universidade, presente no campus desde a semana passada, e a reabertura de negociação salarial com o Conselho de Reitores das Universidades Paulistas (Cruesp), interrompida no último dia 25. Os estudantes também protestam contra a oferta de curso à distância pela universidade. A Reitoria da USP diz que só volta a negociar com o fim dos piquetes.

A PM afirma que fica na USP por 'tempo indeterminado'. Para o Fórum das Seis, que reúne entidades sindicais de professores e funcionários das três universidades paulistas (USP, Unicamp e Unesp) a presença da Polícia Militar é um ‘insulto à autonomia universitária’. O Fórum das Seis também diz, por meio de nota, que a decisão de manter os policiais nas portarias é uma tentativa de “intimidar o movimento social”.

Antes das interdições, o tenente-coronel da Polícia Militar Cláudio Longo informou que mantém um efetivo de 48 homens no campus. "Estamos no campus para garantir o direito básico de ir e vir e também para fazer com que seja cumprida a ordem judicial [expedida no dia 27 de maio] de reintegração de posse do prédio da Reitoria, que havia sido bloqueado por piquetes e barreiras físicas", afirmou Longo.