Depois de anunciar em editorial que a discussão sobre terceiro mandato é "assunto encerrado" (e, ao mesmo tempo, manchetar em primeira página a discussão sobre o terceiro mandato - numa demonstração de clara esquizofrenia), o jornal da ditabranda passou recibo sobre suas reais preocupações: é no bolso (dos Frias) que o avanço de Lula (e de Dilma) dói mais.
A "tese" está em artigo de Fernando Barros e Silva, na página 2 do jornal, intitulado "O Bolsa-Mídia de Lula". Fernando não é só um articulista. Ele é o editor de Brasil. Por ele, passam as decisões editoriais mais importantes do jornal.
No artigo, Fernando analisa "reportagem" da própria "Folha", que mostra como Lula pulverizou a verba publicitária do governo: em 2003, 179 jornais receberam verbas federais; em 2008, foram 1.273. Lula fez o mesmo com rádios e com a internet.
Isso, ao que parece, não agradou o Fernando...
Vejam o que ele escreve: "a língua oficial chama [a tal pulverização de verbas] de regionalização da publicidade estatal e vende como sinal de ´democratização´. Na prática, significa que o governo promove um arrastão e vai comprando a mídia de segundo e terceiro escalões como nunca antes nesse país"
O argumento é tão rasteiro que dá até dó. Quer dizer que quando a verba ia só para o "primeiro escalão" (onde, suponho, Fernando inclui a "Folha") os governos anteriores também estavam "comprando a mídia"? É esse o jogo?
O "primeiro escalão" quer ser comprado sozinho? Sem concorrência? A tal pulverização dói no bolso, é isso Fernando? Se dói, melhor você arrumar argumentos melhores pra fazer o dinheirinho voltar pro bolso do chefe.
Mais adiante, outra pérola do articulista "ditabrandista": "Essa mídia de cabresto que se consolidou no segundo mandato ajuda a entender e a difundir a popularidade do presidente. E talvez explique, no novo mundo virtual, o governismo subalterno de certos blogs que o lulismo pariu por aí".
O Fernando tá chateado com os blogs porque eles fazem a crítica da "grande mídia", reduzem o poder dos jornais, tiram de veículos como a "Folha" a aura de "isentos formadores de opinião"
Mas não precisa ficar tão nervoso, Fernando. Não julgue os outros com seus parâmetros.
Por último, adorei saber que a popularidade de Lula não se deve aos programas sociais, nem ao suceso da economia, nem à formação de um amplo, e internacionalmente reconhecido, mecado interno de novos consumidores. Não, nada disso. É pura propaganda do Lula!