quarta-feira, 1 de junho de 2011

Novo protesto contra Micarla leva milhares de jovens às ruas

 A segunda manifestação promovida pelo movimento “Fora Micarla”, pedindo o impeachment da prefeita de Natal, levou milhares de jovens novamente às ruas da cidade, no início da noite desta quarta-feira (1º), bloqueou avenidas e parou o trânsito em protesto contra a administração do Partido Verde

Os jovens se reuniram no largo do ginásio Machadão, bloquearam o cruzamento das Avenidas Lima e Silva e Romualdo Galvão e, por volta das 19h30, saíram em caminhada pela BR 101 e pela Avenida Engenheiro Roberto Freire.

No início, eram pouco mais de 500 jovens. Quando chegaram em frente ao Natal Shopping, onde ficaram concentrados por alguns minutos, passavam de 1.500, segundo cálculos da Polícia Rodoviária Federal.

Na Avenida Engenheiro Roberto Freire, os jovens ocuparam as duas faixas da via e, segundo estimativas da Polícia Militar, já eram mais de dois mil manifestantes, superando a marca do primeiro ato, há uma semana, em frente ao Midway Mall.

Como na primeira manifestação, os jovens levaram faixas e cartazes, usaram nariz de palhaço, fizeram apitaço e entoaram palavras de ordem para demonstrar sua insatisfação contra a chefe do Executivo.

Uma das faixas sintetizava, numa frase, a dimensão da revolta dos manifestantes: “Hoje a rua é do povo. Natal parou porque Micarla nos enganou”.

Um dos muitos que usavam nariz de palhaço, Artur Samuel Pinheiro, 20 anos, aluno do curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), disse que aderiu ao movimento por considerar que a cidade se encontra num verdadeiro “caos” sob a gestão Micarla de Sousa.


“A população não tem acesso à saúde nem à educação, mas a prefeita vai para a mídia e coloca outdoors dizendo que o povo está satisfeito, quando, na verdade, não está”.

Mas Micarla não foi o único alvo dos protestos. O secretário-chefe do Gabinete Civil da Prefeitura, Kalazans Bezerra, que chamou os jovens que participaram do primeiro ato contra a prefeita de “baderneiros” pelo Twitter, também virou personagem da manifestação.

Com um cartaz em que se lia “Kalazans, você não me cala”, o estudante de Administração da UFRN e Relações Internacionais da UnP, Hugo Agra, 20 anos, protestou contra o “autoritarismo” do auxiliar da prefeita.

“Ele foi autoritário e nos ameaçou pelo Twitter. Não teve nem coragem para falar publicamente. Depois, apagou as mensagens. Isso não condiz com a postura que se esperar de um secretário municipal. Vivemos numa democracia. Ele não pode nos calar”, desabafou.

Novamente, os jovens eram maioria entre os manifestantes. Havia estudantes com camisetas da UFRN, UERN e do IFRN, além de alunos de escolas públicas e particulares. Mas o movimento ganhou o reforço de professores da rede estadual, que estão em greve pela implantação do Plano de Cargos e Salários da categoria.

A professora Amanda Gurgel, famosa pelo discurso que fez em defesa da educação numa audiência pública na Assembleia Legislativa, estava entre os manifestantes. Ela disse que aderiu ao “Fora Micarla” antes mesmo que o movimento se tornasse tão grande.

“Não existe nada funcionando [na administração municipal]. Eu sou a favor do impeachment da prefeita porque há elementos legais para isso, como o desvio de verbas da educação. No ano passado, o salário dos professores vinha com um desconto referente ao percentual do vale-transporte, sem que recebêssemos esse benefício. Isso durou quatro meses”, denunciou.

Para Amanda, a manifestação contra Micarla representava “a ressurgência dos movimentos de massa em Natal”. “É um movimento plural, com vários partidos, entidades, movimentos sociais e gente que não tem nenhuma ligação com a política partidária. Isso mostra que esse [o impeachment] é o desejo das massas”, completou.

De acordo com a PFR, ceca de 1.500 jovens participaram do movimento.

Integrantes da União da Juventude Socialista (UJS), braço jovem do PC do B, usaram camisetas padronizadas, com as frases “Fora Micarla” e “Fora Rosalba” e outra que dizia “O Egito é aqui”, numa referência às manifestações na praça Tahir, na capital Cairo, que derrubaram a ditadura do presidente Hosni Mubarak, há 30 anos no poder naquele país.

Além da UJS, bandeiras do PT e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) podiam ser vistas na manifestação. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRN também marcou presença.