quinta-feira, 4 de março de 2010

A cultura que existe no estado sobre o que é fazer política

Durante alguns anos no movimento estudantil de Areia Branca conheci diversos presidentes de grêmios, entidades municipais ou ascendentes lideranças juvenis de bairro. Era comum entre esses jovens a vontade de se candidatar a algum cargo público, mais especificamente o de vereador. Ainda mais novo, tive como colegas admiradores de José Agripino, Geraldo Melo, Garibaldi Alves, para registrar somente os mais conhecidos. Motivo? Oratória, sobretudo.

Hoje, reencontrando a maioria desses jovens, vejo-os sob as asas de parlamentares, geralmente do espectro conservador, como meros militantes, prontos para serem descartados diante de qualquer intempérie eleitoral.

Acho justo que os sonhos desses jovens seja o de participar da vida política da sua cidade. É legítimo e precisa ser valorizado. Não somente o presidente do grêmio, mas também do sindicato, do movimento sem-terra, da liderança do CA ou do DCE. O viés é que precisa ser outro. A ação parlamentar não pode ser vista na perspectiva do status, como fim em si mesmo. Ela é um meio de mudança social, que precisa ser canalizada para as demandas do povo.

A imprensa televisiva e radiofonica, por outro lado, perdeu totalmente a finalidade pública. Seus donos, todos detentores de mandatos, apregoam a notícia da forma que melhor se encaixa aos seus interesses. Incrivelmente, a apresentação de programas nas TVs locais são verdadeiros trampolins, prevalecendo a demagogia facilmente absorvida pelo povo pobre, que identifica no apresentador um messias, extremamente sensível com a miséria e a dificuldade humana.

Com exceção de fundações e ambulâncias, o povo nunca encontrou abrigo nesses políticos para mudar de vida. Quem assiste aos pronunciamentos da maioria dos vereadores, encontra discursos vagos, geralmente preocupados com o asfalto de tal rua do bairro que lhe transmite votos. 

Poucos são aqueles que conseguem tornar seu mandato um instrumento para fomentar uma cidade melhor para todos, tendo como horizonte a geração de emprego, a defesa do meio ambiente e de questões essenciais como o trânsito e a integração metropolitana.

Reforçar o papel da participação e da conscientização política são fundamentais para que as pessoas possam superar o rebaixamento da qualidade da vida pública do Rio Grande do Norte. Participar de movimentos amplos e organizar-se em partidos políticos são algumas formas importantes de adquirir consciência e mudar nossa realidade conservadora.

A decadência de Geraldo Melo e de outros políticos símbolos do atraso ainda não dos deu a devida lição do retrocesso que é apostar em projetos personalistas. Demos vários passos para trás. A hora é de correr pra frente.