O tucanato está em chamas, com Serra e Aécio rachados.
Todos sabem que o que traz apoios de políticos e partidos pragmáticos,
de barões da mídia e de financiadores de campanha a uma candidatura de
oposição é a expectativa de poder.
A maioria dos governadores e parlamentares tucanos do Brasil não engolem
Serra-2014. Consideram certeza de derrota, arrastando a eleição de
muitos governadores e bancadas para o buraco. Não tem expectativa
nenhuma de poder com Serra.
E Serra não engole Aécio. Resolveu bater de frente. Não tem cacife para
se impor dentro do PSDB, mas é o suficiente para desconstruir a imagem
de Aécio naquilo que seria sua maior habilidade política, de suposto
aglutinador, para carimbá-lo como desagregador. Com isso afasta a
expectativa de poder do PSDB com uma candidatura de Aécio.
FHC sabe disso e, para reduzir danos, já defende a expulsão de Serra do PSDB.
O cálculo de FHC é que seria melhor José Serra sair candidato a
presidente pelo PPS do que continuar detonando Aécio dentro do PSDB.
Seria mais um candidato para tentar levar a eleição ao segundo turno e,
em tese, tiraria da candidatura de Aécio a imagem de ser a oposição mais
reacionária, pois Serra preencheria este espaço na ponta do espectro da
extrema direita neoliberal.
O problema é que a saída de Serra produz baixas justamente no coração do
tucanato, o estado de São Paulo. A saída de Serra, arrastando alguns
correligionários, enfraquece a expectativa de poder na reeleição do
próprio governador Alckmin.
Os tucanos de hoje lembram muito os dias finais da ditadura, quando o
partido oficial, PDS (nome mudado da ARENA) estava rachado entre as
candidaturas de Mário Andreazza e Paulo Maluf (sem voto direto, na
época). Maluf venceu a batalha interna, mas não levou,pois os perdedores
saíram para fundar o PFL. Motivo: falta de expectativa de poder em
Maluf e expectativa de poder em Tancredo, avô de Aécio.
Por ironia do destino, hoje, Aécio está na posição mais parecido com
aquela em que estava Maluf em 1984, do que na que estava o avô Tancredo.
A saída de Serra não vai arrastar apenas tucanos serristas para fora do
PSDB. A falta de expectativa de poder irá provocar uma debandada para
outras candidaturas, não só de tucanos, mas de quadros dos outros
partidos da oposição e de barões da mídia. Parte vão "namorar" Eduardo
Campos, para ver se ele decola como expectativa de poder, para casar em
2014. Parte vão aproveitar a confusão para debandarem rumo aos partidos
da base aliada de Dilma em 2014.