Por Sávio Hackhadt
Neste mês de junho de 2012, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) completa um ano e seis meses de governo, enfrentando sérias dificuldades na administração, muito embora tenha fortíssimo apoio político no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa: dos onze parlamentares potiguares no Congresso Nacional – oito deputados federais e três senadores -, Rosalba tem o apoio dos três senadores e de cinco deputados federais; tem, ainda, o apoio, em Brasília, do Ministro da Previdência, Garlbaldi Alves Filho (PMDB); na Assembleia Legislativa tem maioria folgada entre os 24 deputados estaduais, como, de resto, tiveram todos os governadores desse nosso Rio Grande do Norte, sejam eles bons ou maus administradores.
Portanto, não são de natureza política os problemas que o governo Rosalba enfrenta – nesse campo lhe sobram apoios. Rosalba, que prometeu ao Rio Grande do Norte uma gestão moderna, eficiente, capaz de tirar o estado do atraso, tem dado sinais, isto sim, neste um ano e meio de mandato, de que o seu governo é carente mesmo é de uma boa gestão, de capacidade administrativa.
E nada parece lhe convencer a tirar o olho do retrovisor e arregaçar as mangas para achar o seu próprio caminho. Se o seu primeiro ano de governo foi marcado pelos ataques constantes ao governo anterior – Wilma e Iberê – , também chegamos na metade do segundo ano de governo e o Rio Grande do Norte continua à espera de uma gestão eficiente, moderna, capaz de “reconstruir” o que Rosalba e seus aliados denunciaram como má gestão dos antecessores. E enquanto a lenga a lenga das críticas persistem e se tornam marcas da gestão atual, até o momento não se conhecem projetos relevantes do governo que sejam, como prometido, capazes de abrir novos horizontes para o estado.
Ultimamente a governadora passou a personalizar ainda mais suas criticas. Recentemente, anunciou em discurso: “No meu Governo não tem Foliaduto, não tem Operação Higia, não tem Ouro Negro. No meu Governo não tem essas operações que envergonhavam o nosso Estado pelo Brasil todo” – referindo-se assim aos escândalos denunciados no governo Wilma de Faria (PSB).
Mais do que marcar uma diferença em relação à sua antecessora, Rosalba parece se aprofundar nas críticas ao passado na mesma proporção em que crescem na sociedade as críticas à sua própria gestão, que enfrenta graves problemas em áreas essenciais como saúde, educação e segurança públicas – índices oficiais registram até uma piora nesses serviços na administração do DEM.
Talvez a sua estratégia, aparentemente muito equivocada, seja se agarrar às denúncias, que envolvem seus antecessores e que estão sendo apuradas pela justiça, na esperança de colocá-las no topo da pauta da discussão política, ainda mais com a proximidade das eleições municipais, como forma de desviar a atenção de seu próprio fracasso administrativo e, consequentemente, das muitas falhas nas promessas feitas em praça pública.
O fracasso chega a ser contraditório: enquanto a saúde vive um estado de calamidade pública, e só piora, não tem como esquecer que, ironicamente, a governadora é médica pediatra. Portanto, é em um estado comandando por uma profissional da saúde que todos os dias morrem crianças, jovens, adultos e idosos nos hospitais públicos por absoluta falta de equipamentos e estrutura. Médicos e profissionais da saúde dizem abertamente que diariamente há um genocídio assistido nas unidades de saúde pública do estado. E isso é crime. É a ausência total do estado na proteção dos cidadãos e cidadãs.
No campo econômico o governo Rosalba sofre também da falta de rumo, da ausência de um projeto de desenvolvimento para o Rio Grande do Norte. A indústria, o turismo, o comércio, o setor de serviços estão entregues ao Deus dará às vésperas da Copa do Mundo/2014. Sem rumo, o Rio Grande do Norte caminha para a Copa/2014. Podemos perder uma grande oportunidade, especialmente o turismo, grande fonte de geração de empregos e divisas.
Analisando, assim, todos esses aspectos, sabe o quê parece? Rosalba, de forma surpreendente e incompreensível, parece querer copiar a trajetória da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), que, sem nunca tirar o olho do retrovisor e também sem conseguir vencer seu fracasso como gestora, amarga uma desaprovação administrativa da ordem de 90% dos natalenses.
A governadora potiguar já alcança 75 de desaprovação. A continuar assim, em breve Rosalba alcançará Micarla na corrida pela disputa do maior índice de desaprovação de um governo.
Mais: assim como Rosalba continua com franco apoio na Assembleia, a despeito de suas dificuldades de gestão, Micarla, apesar de ser desaprovada por 90% dos natalenses, também não tem problema político na Câmara Municipal de Natal, mantendo o apoio de 90% dos vereadores.
Ambas, sem problemas políticos nas casas legislativas, nem mesmo para uma cobrança maior de resultados administrativos, não conseguem implantar uma gestão moderna e eficiente e Natal e o Rio Grande do Norte vivem um dos piores momentos de suas histórias.
Rosalba e Micarla percorreram os mesmos caminhos. Prometeram durante suas campanhas eleitorais realizar boas gestões e quando assumiram preferiram só atacar seus antecessores. Passaram seus primeiros anos olhando pelo retrovisor e se esqueceram de governar o seu tempo. Só olharam para o quintal do vizinho e esqueceram de cuidar do quintal delas.