“Lula está sofrendo muito”, desabafou, comovido, Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência da República, em recente conversa com um ministro do Supremo Tribunal Federal.
E o sofrimento deverá aumentar nas próximas duas semanas, as últimas da radioterapia destinada a zerar o tumor de tamanho médio detectado na laringe de Lula no final de outubro do ano passado.
O diagnóstico inicial dos médicos que cuidam de Lula no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, recomendou uma cirurgia para extração do tumor. Lula foi contra.
A cirurgia poderia deixá-lo sem voz, seu principal instrumento de trabalho. Ele escolheu a segunda opção que os médicos lhe ofereceram: sessões de quimioterapia seguidas de sessões de radioterapia.
“Se você descobre que Picasso tem um tumor na mão com a qual pinta seus quadros, você se arriscae a operá-lo e a deixá-lo sem pintar para o resto da vida?” – pergunta um médico paulista. “Cada paciente é um paciente e suas circunstâncias”.
A equipe do Sírio Libanês comemorou o sucesso da quimioterapia, que reduziu drasticamente o tamanho do tumor de Lula. Mas é preciso que ele desapareça por completo ao cabo da radioterapia. Disso só se terá certeza seis semanas depois do fim do tratamento.
Caso o tumor não desapareça, os médicos se verão diante de uma situação ainda mais delicada: operar Lula depois de a garganta do paciente ter passado por um tratamento longo e para lá de penoso.
Um tratamento que talvez ainda obrigue Lula a se valer de uma sonda para poder se alimentar.