"Olha os meus netos aí", apontou Antonio Wagner Coraça, de 60 anos, para os adolescentes com o rosto pintado no saguão do cursinho na tarde desta terça-feira (3), enquanto ele mesmo recebia, na testa, a sigla USP. Aos 60 anos, o engenheiro civil aposentado preferiu ver a lista de convocados na primeira chamada da Fuvest sozinho em casa. Depois de ver seu nome entre os aprovados para o curso de artes visuais na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ele saiu para comemorar com os colegas de estudo.
Parente de professoras de folclore e piano, e pai de uma artista e uma webdesigner, "Seu Wagner", alcunha que recebeu dos colegas de classe no cursinho Objetivo, afirma que a família sempre teve uma veia artística. "Eu já tinha decidido estudar artes há muito tempo, há dois anos prestei a Fuvest só para experimentar, no ano passado me aposentei e decidi fazer cursinho para tentar de novo."
Ex-funcionário de uma construtora por 15 anos e avô de uma menina de cinco, Coraça contou que, no início de 2011, dividia o posto de mais velho da turma com um senhor que, no segundo semestre, desistiu do cursinho. "Mas não sei se ele era mais velho do que eu. À tarde, quem faz cursinho é quem estuda no ensino médio de manhã, então são pessoas bem jovens", disse.
Além das aulas vespertinas no cursinho, o vestibulando também estudava em casa de manhã e à noite.
As temidas questões de física ele afirmou ter tirado de letra por causa do seu histórico em engenharia. "Mas eu nunca tinha tido aula de biologia, minha primeira vez foi no cursinho", explicou ele. Não por acaso, assim que chegou ao saguão do cursinho, na Avenida Paulista, Coraça recebeu o tradicional trote com tinta no rosto, além de diversos longos abraços, de seu professor de biologia.
Fonte: G1
Fonte: G1