Uma nova tendência cuja estréia se deu no Congresso Nacional, tem invadido as Câmaras Legislativas em todo o país sob a boa e velha prerrogativa do “se eles podem, nós também podemos”. Não me refiro, caro leitor, aos suntuosos ternos, possíveis roupas de palhaço, ou quaisquer outras vestimentas de nossos excelentíssimos parlamentares, mas a febre da vez não é nada mais, nada menos que o chamado reajuste salarial parlamentar (oxalá fosse o nosso!).
Na última quarta-feira, 15 de dezembro, foi votado o reajuste que iguala o salário de deputados, senadores, presidente da República e ministros de Estado ao de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a saber, R$ 26.723, o equivalente a 49,7 salários dos que a previdência prevê para 2011, 52,4 salários mínimos atuais, ou até mesmo 1214,7 vezes o piso estabelecido para o Bolsa Família - aquele que muitas famílias brasileiras utilizam pra sobreviver, visto que não recebem as condições necessárias para expansão de seus capitais humanos e sociais, e do qual tanto se gaba o atual governo -.
A exorbitância dos números é colocada em segundo plano quando ponderamos a relação de custo-benefício, e principalmente o tempo relativo de discussão, votação e aprovação.
Após ser aprovado na Câmara o projeto foi encaminhado imediatamente - feito um passe de mágica - ao Senado onde em pouco mais de - pasmem - 5 minutos também foi aprovado, de forma que nos cabe usar a máxima do ilustríssimo presidente e dizer que nunca “antes na história desse país” se viu - e dificilmente veremos depois - o Congresso tão homogêneo: nada de proselitismo, nem falatório de oposição.