domingo, 19 de outubro de 2014

DESCALABRO GOVERNAMENTAL DO RN : FELICIDADE NA PROPAGANDA E RUÍNA DAS CONTAS PÚBLICAS

Por Wellington Duarte
 
Na Constituição da República Federativa do Brasil, nome oficial do nosso país para quem não sabe, não há nenhum artigo que fale sobre a possibilidade de os cidadãos eleitores mandarem um péssimo governante pastar. Tem na Constituição da Venezuela e da Bolívia, mas na do avançado Brasil não.
E ai o que vemos, com muita frequência é o “arrependimento” coletivo de algumas comunidades diante do descalabro de algumas gestões, e ai tentam de tudo: compartilhamentos, gritos nas redes sociais, amuamentos jurídicos e raiva explícita via manifestações difusas. Não adianta, e as pessoas mais informadas, mesmo raivosas e injuriadas, sabem bem disso.
O caso emblemático é o do RN. O (des)governo da aliança DEM-PDMB, a “pax” pública do século XXI, se arrasta melancolicamente e a notícia mais recente, a de que não há dinheiro para pagamento de salários dos servidores e a tresloucada, mas organizada (sic) decisão de sair cortando gastos da máquina em 20%, anuncia aos embasbacados cidadãos potiguares que, se as secretárias pouco ou nada fazem, a partir de agora nada ou pouco farão. Parece que a patética maquiagem das propagandas não serviu para mascarar o desastre ambulante que ainda governará as nossas paragens até 31 de dezembro de 2014.

Para completar o cenário de caos, nesta quinta (26) o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde), uma bem azeitada máquina sindical controlada há décadas pelo PSTU, reuniu seus filiados e anunciou em alto e bom som, que os profissionais da área da saúde, à exceção dos “deuses de branco”, paralisarão suas atividades a partir de 1° de agosto, depois de passarem mais de dois meses levando um belo de um “chá de cadeira” do governo estadual[1] que nada oferece além do “eu sei que está ruim” do elegante bem falante secretário da pasta, Luis Roberto.
Desorientado e movido pela velha raiva das elites coronelísticas o governo estadual investiu contra o não menos poderoso Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública do RN (SINTE-RN), que representa os professores e servidores estaduais da educação, indo buscar nos registros do Ministério do Trabalho e do Emprego (MINTE) elementos para desqualificar a ação desse sindicato, que vem batendo duro no governo.
O que os “burocratas”, o nobre e desinformado procurador Manuel Josino e a secretária de educação, Betânia Ramalho, que se apressou em dar uma alfinetada nos sindicalistas, não sabem é que existe uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante a representação sindical desde que haja documentos provando a existência de assembleias que os criaram e o registro cartorial. O tiro saiu envergonhadamente pela culatra. É muita incompetência para um governo só.
Além do descalabro administrativo, outro elemento que chama a atenção é o endividamento público estadual, que passou de R$ 10,1 milhões em 2012, para quase R$ 400 milhões em 2013, fruto de um empréstimo para garantir outro empréstimo de R$ 1,2 feito junto ao Banco Mundial, e que ainda não chegou, além dos desvarios dos clãs governantes, mostram a mais estapafúrdia falta de competência política e administrativa dessa pseudo-gestão, que nem sequer teve a capacidade de construir as estradas que dão acesso ao mastodonte privado que receberá aviões na vizinha São Gonçalo do Amarante, a pérola de desenvolvimento que os prefeitos da Grande Natal esperam ansiosamente.
Eleita para “moralizar” o RN, como se os clãs fosse bastiões da moralidade, esse governo tem mostrado um cinismo que irrita até os mais calmos. Vale lembrar que no começo de 2013 a gestora do governo, Rosalba Ciarlini Rosado, veio a público sorridente e disse que as contas do estado estavam equilibradas. Pouco mais de seis meses depois está um caos[2].  Os narizes dos pinóquios governamentais estão crescendo a olhos vistos.
Tal qual a catástrofe municipal na figura da ex-prefeita Micarla de Souza, apoiada pela mesma “dupla” DEM-PMDB, a gestão de Rosalba Ciarlini (DEM), mais uma vez mostra que o compromisso dos clãs é da manutenção do poder via o descarado compadrio, a cooptação via favores e a mais absoluta falta de sintonia com as demandas sociais. Infelizmente o horizonte parece apontar para o eterno retorno do mesmo.