Por Wellington Duarte
Na Constituição da República Federativa do Brasil, nome oficial do nosso país para quem não sabe, não há nenhum artigo que fale sobre a possibilidade de os cidadãos eleitores mandarem um péssimo governante pastar. Tem na Constituição da Venezuela e da Bolívia, mas na do avançado Brasil não.
Na Constituição da República Federativa do Brasil, nome oficial do nosso país para quem não sabe, não há nenhum artigo que fale sobre a possibilidade de os cidadãos eleitores mandarem um péssimo governante pastar. Tem na Constituição da Venezuela e da Bolívia, mas na do avançado Brasil não.
E ai o que vemos, com muita frequência
é o “arrependimento” coletivo de algumas comunidades diante do descalabro de
algumas gestões, e ai tentam de tudo: compartilhamentos, gritos nas redes
sociais, amuamentos jurídicos e raiva explícita via manifestações difusas. Não
adianta, e as pessoas mais informadas, mesmo raivosas e injuriadas, sabem bem
disso.
O caso emblemático é o do RN. O
(des)governo da aliança DEM-PDMB, a “pax” pública do século XXI, se arrasta
melancolicamente e a notícia mais recente, a de que não há dinheiro para
pagamento de salários dos servidores e a tresloucada, mas organizada (sic)
decisão de sair cortando gastos da máquina em 20%, anuncia aos embasbacados
cidadãos potiguares que, se as secretárias pouco ou nada fazem, a partir de
agora nada ou pouco farão. Parece que a patética maquiagem das propagandas não
serviu para mascarar o desastre ambulante que ainda governará as nossas
paragens até 31 de dezembro de 2014.
Para completar o cenário de caos, nesta
quinta (26) o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde), uma bem
azeitada máquina sindical controlada há décadas pelo PSTU, reuniu seus filiados
e anunciou em alto e bom som, que os profissionais da área da saúde, à exceção
dos “deuses de branco”, paralisarão suas atividades a partir de 1° de agosto,
depois de passarem mais de dois meses levando um belo de um “chá de cadeira” do
governo estadual[1]
que nada oferece além do “eu sei que está ruim” do elegante bem falante secretário
da pasta, Luis Roberto.
Desorientado e movido pela velha raiva
das elites coronelísticas o governo estadual investiu contra o não menos
poderoso Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública do RN (SINTE-RN),
que representa os professores e servidores estaduais da educação, indo buscar
nos registros do Ministério do Trabalho e do Emprego (MINTE) elementos para
desqualificar a ação desse sindicato, que vem batendo duro no governo.
O que os “burocratas”, o nobre e
desinformado procurador Manuel Josino e a secretária de educação, Betânia
Ramalho, que se apressou em dar uma alfinetada nos sindicalistas, não sabem é
que existe uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante a
representação sindical desde que haja documentos provando a existência de assembleias
que os criaram e o registro cartorial. O tiro saiu envergonhadamente pela
culatra. É muita incompetência para um governo só.
Além do descalabro administrativo, outro
elemento que chama a atenção é o endividamento público estadual, que passou de
R$ 10,1 milhões em 2012, para quase R$ 400 milhões em 2013, fruto de um
empréstimo para garantir outro empréstimo de R$ 1,2 feito junto ao Banco
Mundial, e que ainda não chegou, além dos desvarios dos clãs governantes,
mostram a mais estapafúrdia falta de competência política e administrativa
dessa pseudo-gestão, que nem sequer teve a capacidade de construir as estradas
que dão acesso ao mastodonte privado que receberá aviões na vizinha São Gonçalo
do Amarante, a pérola de desenvolvimento que os prefeitos da Grande Natal
esperam ansiosamente.
Eleita para “moralizar” o RN, como se
os clãs fosse bastiões da moralidade, esse governo tem mostrado um cinismo que
irrita até os mais calmos. Vale lembrar que no começo de 2013 a gestora do
governo, Rosalba Ciarlini Rosado, veio a público sorridente e disse que as
contas do estado estavam equilibradas. Pouco mais de seis meses depois está um
caos[2]. Os narizes dos pinóquios governamentais estão
crescendo a olhos vistos.
Tal qual a catástrofe municipal na
figura da ex-prefeita Micarla de Souza, apoiada pela mesma “dupla” DEM-PMDB, a
gestão de Rosalba Ciarlini (DEM), mais uma vez mostra que o compromisso dos
clãs é da manutenção do poder via o descarado compadrio, a cooptação via
favores e a mais absoluta falta de sintonia com as demandas sociais.
Infelizmente o horizonte parece apontar para o eterno retorno do mesmo.