Hanna Safieh, da Codern, explicou medidas que a empresa está adotando (Foto: José Aldenir)
Preocupados com os recentes casos de suspeita de ebola que estão surgindo no Brasil e no mundo, a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) começará a exigir o cumprimento de normas às embarcações que venham atracar nos Portos de Natal e do município de Areia Branca. A ideia é evitar que os barcos e navios que vêm de áreas de riscos, ou tenham passado por essas áreas até chegar ao solo potiguar, tragam possíveis portadores do vírus.
Segundo explicação do diretor técnico e comercial da Codern, Hanna Safieh, só há três maneiras do vírus ebola chegar ao RN: através de pessoas contaminadas que venham ao Estado pelas rodovias, pelos portos e/ou pelo o aeroporto. “Portos e aeroportos são as nossas portas de entrada mais vulneráveis, pois trazem pessoas que vêm de fora do país, de fronteiras longes. Em Areia Branca, por exemplo, temos um grande número de chegadas e saídas de navios da África, continente com maior procedência do vírus”, disse.
A primeira medida de controle ao vírus ebola em Natal e no RN pela Codern será exigir dos comandantes das embarcações – antes delas atracarem nos portos – um relatório sobre o quadro clínico de cada tripulante que estará no navio. “Vamos exigir um relatório sobre a saúde de cada tripulante, referente aos últimos 21 dias. Esse documento deverá ser entregue quando o comandante do navio entrar em contato conosco para informar que precisará parar em Natal ou Areia Branca”, afirmou Hanna.
Caso algum dos tripulantes registre qualquer sintoma comum ao ebola – como febre, dor de cabeça e vômitos, por exemplo – o relatório precisará ser atualizado diariamente. Na medida em que o comandante passa o quadro clínico diário do tripulante à Codern, a Companhia também repassa as informações ao núcleo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no RN, para eles possam ir tomando as providências.
Como os primeiros sintomas do vírus ebola podem ser confundidos com outras doenças, a orientação da Anvisa é que o tripulante seja tratado como um possível suspeito de portador do vírus. O período de incubação do vírus vai de um a 21 dias. O vírus somente é transmitido quando surgem os sintomas.
Segundo determinação do Ministério da Saúde, através do trabalho desenvolvido pelo comitê de saúde do RN, o responsável pela remoção (transporte) de um suspeito com o vírus ebola de dentro da embarcação até a unidade de saúde será o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) Natal ou Metropolitano. Essa regra serve para qualquer caso que venha surgir no Porto de Natal e de Areia Branca, ou no Aeroporto Internacional Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante.
Sobre o procedimento de fundeio da embarcação, deverá ser adotada a maneira mais fácil para lidar com o resgate do paciente e prestar o melhor atendimento. Até que o paciente seja retirado, a embarcação não poderá estar em operação. Os práticos e os técnicos da Avisa e do SAMU que forem remover o paciente da embarcação, estarão portando equipamentos específicos para evitar possível contaminação.
Além disso, o navio deverá permanecer em fundeio, sem nenhuma operação, até o quadro clínico do paciente seja devidamente diagnosticado. Se o tripulante for identificado com um caso de malária, por exemplo, e que não haja nenhuma outra situação semelhante ao ebola na embarcação, o navio poderá entrar em operação. Se for confirmado caso de ebola, a embarcação devera ficar sem operação por mais tempo.
Suspeita no RJ
Fluxo de navios no Porto-Ilha, principalmente da África, é um dos motivos da preocupação da Codern
O africano Souleymane Bah, que está no Brasil com suspeita de ebola, chegou na manhã de hoje à Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. O paciente de 47 anos, que é de Guiné, na África Ocidental, chegou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e foi levado para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, na Fundação Oswaldo Cruz, que é referência em doenças infecciosas. O homem estava internado na Unidade de Pronto Atendimento, no bairro Brasília, em Cascavel, no Paraná.
De acordo com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, a UPA Brasília recebeu o paciente classificado como suspeito de infecção por ebola na quinta-feira (9). O homem, que chegou ao Brasil no dia 19 de setembro vindo da Guiné, com escala em Marrocos, relatou na UPA que na quarta (8) e na manhã desta quinta teve febre.
Até o início da noite de quinta, o africano estava subfebril e não tinha hemorragia, vômitos ou outros sintomas e permanecia em bom estado geral. Apesar disso, ele será mantido em isolamento total até que o diagnóstico seja confirmado. O Ministério da Saúde destacou que, por estar no 21º dia, limite máximo para o período de incubação da doença, o caso foi considerado suspeito, de acordo com os protocolos internacionais para o ebola. A Guiné é um dos três países que concentram o surto da doença na África.
Fonte: Jornal de Hoje