A tão propalada Selic tem uma razão de ser, e sua definição acaba por interferir em diversas opções de investimentos ou mesmo na vida do cidadão
O Selic é uma taxa referencial de juros definida pelo Banco Central (BC). O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) fixa a meta da taxa Selic, definida como a taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos públicos federais apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Esse índice é a referência para todas as definições de juros da nossa economia, por isso é também chamada de taxa básica.
O Copom é um colegiado formado por oito membros da diretoria e o presidente do BC, com calendário de reuniões pré-definido, divulgado sempre ao final de cada ano. Essas reuniões, nos últimos anos, têm acontecido a cada 45 dias.Começam na terça-feira, com a apresentação dos dados sobre a economia e vão até o outro dia, quarta-feira, com o anúncio da decisão do Copom. Na quinta-feira, na semana seguinte à reunião, o BC divulga um documento com os argumentos que nortearam a decisão sobre o patamar da meta Selic.
Este colegiado foi instituído em 1996 com a função de estabelecer as diretrizes da política monetária, além da definição da taxa de juros. Desta forma, tentou-se dar maior transparência ao processo, tomando como base para sua criação, os modelos dos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra. A prática é adotada por vários países atualmente, facilitando decisões, transparência e comunicação com o público em geral.
A taxa Selic é uma ponderação obtida por meio do cálculo da média dos juros praticados pelas instituições financeiras, influenciando nas operações de crédito para o consumidor. Entretanto, ela servirá só como base, já que os juros cobrados do consumidor são muito mais altos. A explicação vai desde o risco envolvido nessas concessões de crédito e financiamento, até a margem de ganho alta dos bancos, além da carga tributária e prazos de financiamento.
Quando a taxa Selic está alta, os bancos se voltam para os títulos públicos, uma forma de emprestar dinheiro ao governo com retorno alto. Entretanto, quando a Selic cai, os bancos se voltam para os consumidores, emprestando dinheiro, para conseguir um lucro maior. Nesta lógica, como a taxa é definida como uma forma de controlar a inflação, em tempos menos bicudos a Selic cai e os bancos vão comercializar seu produto para o maior número de pessoas. Quando a inflação aumenta, os juros do crédito aumentam mais, e o consumidor foge deste mercado. Neste toma-lá-dá-cá, a Selic vai interferir diretamente na composição de taxas de juros do cheque especial, crediário, cartões de crédito e poupança, além do empréstimo.
Nas aplicações financeiras a modificação na Selic é sentida de imediato, mas no caso do consumidor, as diferenças serão sentidas de 30 a 60 dias depois. A taxa de juros produz efeitos na economia, alguns mais lentos, outros mais rápidos. Num primeiro momento a taxa tem como função controlar a inflação, atuando sobre a demanda, mas depois ela reflete sobre a poupança e investimentos.