Deu no Estado de São Paulo
Apesar de ter a maior bancada na Câmara, com 88 deputados, o PT escancarou na votação do Código Florestal, semana passada, as divisões internas e o isolamento em relação ao resto da base aliada do governo Dilma Rousseff.
Enquanto isso, o PMDB fortalece a estratégia de se transformar na principal força na Câmara.
Paralelamente à disputa por espaço com o PMDB, o PT deixou de contar com o alinhamento automático de legendas historicamente afinadas - PC do B, PDT e PSB dão sinais de que querem funcionar cada vez menos como satélites do PT.
O PMDB, com 79 deputados, tem trabalhado para ficar próximo de siglas governistas como o PTB, o PR e o PP que, juntas, somam 179 votos - o problema é que em certas votações, como no caso do Código Florestal, ruralistas do DEM e do PSDB juntam-se a esse bloco e fazem quase 300 votos entre 513 deputados.
A força do PMDB e aliados que não são íntimos do PT permitiu que o líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN), reunisse a base em torno de um acordo que permitiu a votação do Código Florestal, agradando à maioria e excluindo o PT.
Neste cenário, Dilma poderá vir a se tornar refém do partido do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP).
A estratégia já preocupa o PT. Dirigentes petistas estão assustados com o fato de o partido estar perdendo espaço para o PMDB.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT), que estava no exterior, não foi sequer consultado sobre a data de votação do Código Florestal, definida pelo PMDB, na semana anterior, em uma costura com os aliados e a oposição. Cabe ao presidente colocar os projetos na pauta.
Enquanto Henrique Alves conversa com os líderes da base, o líder petista, Paulo Teixeira (SP), tem pouco trânsito junto aos aliados.
Ele não consegue unir sua própria bancada. Isso se revelou na votação do Código, quando o PT rachou e 45 deputados votaram a favor do texto projeto do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) e 35, contra.
Em contrapartida, o PMDB mostrou coesão e unidade com o partido todo votando a favor.