Nome de proa em pesquisas ao governo do Estado, números divulgados até o final do ano passado, a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) desliza em ondas de boa envergadura. Está por cima. Vive a bonança.
Mas no círculo fechado do comando de sua campanha, ninguém cai na tentação do já-ganhou. Esse desatino é comum apenas entre os que enxergam o mundo sob efeito do narcótico da paixão ou da miopia política.
Com pesquisas qualitativas e sobretudo a vivência no ofício, as cabeças pensantes prevêem um forte cipoal adiante, em sua candidatura a governador. Administrar o previsto e, criar uma margem de manobra para eventuais "surpresas", compõem o trabalho de gestão da campanha que se avizinha.
Entretanto na prática, quais são os grandes "fantasmas" que povoam a postulação de Rosalba, capazes de colocar em xeque sua trajetória à Governadoria?
De saída, a autosuficiência ou, como queira, a arrogância. Em 1992, nos intramuros da campanha à sua sucessão, todos comemoravam a vitória do então vice-prefeito Luiz Pinto (PFL). Deu o "velho" Dix-huit Rosado (PDT).
O rosalbismo que emergia como grupo, precisava fazer o sucessor de Rosalba para se firmar em ascendência. Quase se destroça de vez.
Há outra dificuldade que exige cuidado milimétrico. Produz uma sensação ambivalente: entusiasma e assusta ao mesmo tempo. É o fato de ter em seu arrabalde as prefeitas dos maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Norte, Micarla de Souza (PV) e Fátima Rosado (DEM), Natal e Mossoró respectivamente.
Os dois municípios respondem por cerca de 30% do eleitorado potiguar. Contudo, ambos fermentam crescente repulsa popular às governantes, corroídas por desgaste que pode respingar na própria candidata.
Arruda
A engenharia para tirar apenas dividendos dessa proximidade, é uma manobra que precisa de medidas dignas da nanotecnologia: nem pode ser muito próxima a ponto de queimá-la, nem muito distante que seja capaz de eclipsá-la.
O desgaste do DEM, partido da pré-candidata, que tem o governador afastado e preso de Brasília, José Arruda, como encarnação de belzebu, não chega a contaminá-la. A sociedade não faz associação, sobretudo numa cultura em que sigla partidária não passa de sopa de letrinhas ou nem isso.
E olha que ano passado, Arruda pôs a mão no ombro de Rosalba em evento do DEM em Natal, a saudando como "futura governadora" e ofertando sua imagem própria como suporte à candidatura. Estava podendo. Até então, ele era um dos mais bem-avaliados governadores do país.
Seria o populismo de Lula e o assistencialismo em escala industrial da União, as grandes ameaças à trajetória de Rosalba? É provável que pese, mas não é factível que decida. Lula não é candidato a nada. Eis um exemplo: a vitória de Micarla em Natal em 2008 teve Lula & Cia contra ela.
O estratagema de requentar denúncia, algo recorrente em campanhas eleitorais, não deve ser descartado. Do caduco "Relatório Marpe" (caso contra seu primeiro governo 1989-1992) ao uso errôneo de passagens aéreas no mandato de senadora, tudo pode ser revisitado.
O tom e a forma de utilização desse tipo de material é sempre difícil. Às vezes gera efeito bumerangue.
Talvez o que haja de mais preocupante no confronto seja a força e o bom uso da "máquina" do Estado. Historicamente ela incomoda a qualquer adversário. Não será diferente este ano.
Contudo o que pesa sobremodo numa campanha é ter, como adversário, um bom candidato. Será que o governismo o possui?
Em campanha ao governo em 2002, ao chegar para um encontro na Câmara de Dirigentes Lojistas de Mossoró (CDL), a candidata Wilma de Faria (PSB) analisou o porquê da confiança em derrotar o então governador Fernando Freire (PMDB) e o senador Fernando Bezerra (PTB):
- Eu vou ganhar. Meus adversários são muito fracos.
E ganhou.
Em 2010, os contendores de Rosalba Ciarlini precisam provar que são diferentes ou vão ser condenados à clonagem dos "Fernando" de 2002.
Foto - José Arruda e Rosalba em setembro de 2009 em Natal.
Mas no círculo fechado do comando de sua campanha, ninguém cai na tentação do já-ganhou. Esse desatino é comum apenas entre os que enxergam o mundo sob efeito do narcótico da paixão ou da miopia política.
Com pesquisas qualitativas e sobretudo a vivência no ofício, as cabeças pensantes prevêem um forte cipoal adiante, em sua candidatura a governador. Administrar o previsto e, criar uma margem de manobra para eventuais "surpresas", compõem o trabalho de gestão da campanha que se avizinha.
Entretanto na prática, quais são os grandes "fantasmas" que povoam a postulação de Rosalba, capazes de colocar em xeque sua trajetória à Governadoria?
De saída, a autosuficiência ou, como queira, a arrogância. Em 1992, nos intramuros da campanha à sua sucessão, todos comemoravam a vitória do então vice-prefeito Luiz Pinto (PFL). Deu o "velho" Dix-huit Rosado (PDT).
O rosalbismo que emergia como grupo, precisava fazer o sucessor de Rosalba para se firmar em ascendência. Quase se destroça de vez.
Há outra dificuldade que exige cuidado milimétrico. Produz uma sensação ambivalente: entusiasma e assusta ao mesmo tempo. É o fato de ter em seu arrabalde as prefeitas dos maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Norte, Micarla de Souza (PV) e Fátima Rosado (DEM), Natal e Mossoró respectivamente.
Os dois municípios respondem por cerca de 30% do eleitorado potiguar. Contudo, ambos fermentam crescente repulsa popular às governantes, corroídas por desgaste que pode respingar na própria candidata.
Arruda
A engenharia para tirar apenas dividendos dessa proximidade, é uma manobra que precisa de medidas dignas da nanotecnologia: nem pode ser muito próxima a ponto de queimá-la, nem muito distante que seja capaz de eclipsá-la.
O desgaste do DEM, partido da pré-candidata, que tem o governador afastado e preso de Brasília, José Arruda, como encarnação de belzebu, não chega a contaminá-la. A sociedade não faz associação, sobretudo numa cultura em que sigla partidária não passa de sopa de letrinhas ou nem isso.
E olha que ano passado, Arruda pôs a mão no ombro de Rosalba em evento do DEM em Natal, a saudando como "futura governadora" e ofertando sua imagem própria como suporte à candidatura. Estava podendo. Até então, ele era um dos mais bem-avaliados governadores do país.
Seria o populismo de Lula e o assistencialismo em escala industrial da União, as grandes ameaças à trajetória de Rosalba? É provável que pese, mas não é factível que decida. Lula não é candidato a nada. Eis um exemplo: a vitória de Micarla em Natal em 2008 teve Lula & Cia contra ela.
O estratagema de requentar denúncia, algo recorrente em campanhas eleitorais, não deve ser descartado. Do caduco "Relatório Marpe" (caso contra seu primeiro governo 1989-1992) ao uso errôneo de passagens aéreas no mandato de senadora, tudo pode ser revisitado.
O tom e a forma de utilização desse tipo de material é sempre difícil. Às vezes gera efeito bumerangue.
Talvez o que haja de mais preocupante no confronto seja a força e o bom uso da "máquina" do Estado. Historicamente ela incomoda a qualquer adversário. Não será diferente este ano.
Contudo o que pesa sobremodo numa campanha é ter, como adversário, um bom candidato. Será que o governismo o possui?
Em campanha ao governo em 2002, ao chegar para um encontro na Câmara de Dirigentes Lojistas de Mossoró (CDL), a candidata Wilma de Faria (PSB) analisou o porquê da confiança em derrotar o então governador Fernando Freire (PMDB) e o senador Fernando Bezerra (PTB):
- Eu vou ganhar. Meus adversários são muito fracos.
E ganhou.
Em 2010, os contendores de Rosalba Ciarlini precisam provar que são diferentes ou vão ser condenados à clonagem dos "Fernando" de 2002.
Foto - José Arruda e Rosalba em setembro de 2009 em Natal.
Fonte: Blog do Carlos Santos