Faleceu nesta terça-feira, dia do médico, às 07 horas no Hospital São Lucas, Rio de Janeiro, aos 92 anos, o médico Wilson Fadul, mais conhecido por ter sido ministro da saúde do Presidente João Goulart de junho de 1963 a 2 de abril de 1964. Fadul, nascido em Valença, Estado do Rio, estudou medicina na Universidade Federal Fluminense e logo fez concurso para a Aeronáutica, sendo destacado para servir no Estado do Mato Grosso. Lá fez carreira política, primeiro como vereador e Prefeito de Campo Grande, pelo então PTB, o qual organizou naquele estado. Foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1954. Reelegeu-se deputado federal por duas vezes, em 1958 e nas eleições de 1962, tornando-se um leal e hábil correligionário do Presidente Goulart. A ele, Jango credenciou para negociar com a UDN o plebiscito de janeiro de 1963 que suprimiria a emenda parlamentarista imposta pelos ministros militares de Janio Quadros para dar-lhe posse.
Como ministro da saúde, Fadul notabilizou-se pela denúncia do superfaturamento nos preços das matérias-primas para medicamentos para disfarçar a transferência de recursos das filiais brasileiras para as matrizes da indústria farmacêutica. Por seu trabalho foi criado o GEIFAR, grupo executivo da indústria farmacêutica, quer estabeleceu parâmetros para preços, entre outras medidas saneadoras. Inspirada no GEIFAR, em 2006, foi criado o GECIS, subordinado ao Ministério da Saúde. Fadul realizou também a IIIa. Conferência Nacional de Saúde em 1963, dando voz a um grupo de sanitaristas que o assessorou, incorporando a dimensão econômica nas análises sanitárias. A IIIa Conferência ficou conhecida por definir entre as políticas do ministério a municipalização dos serviços básicos de saúde, rendendo-lhe muitas homenagens. No dia 1º de abril de 1964, acompanhou Jango até Porto Alegre, ainda reunindo-se com esse como Ministro na última reunião presidencial. Foi cassado em 1964, ocasião em que recebeu carta elogiosa de solidariedade de Santiago Dantas que se encontrava em Paris, da qual se orgulhava.
Junto com Enio da Silveira, Fadul foi fundador da editora Paz e Terra, do Rio de Janeiro. Em 1982, para contribuir para a construção do PDT, foi candidato a Governador no estado de Mato Grosso do Sul. Com a vitória de Leonel Brizola a Governador do Rio de Janeiro, seria vice-presidente do BANERJ e membro do Conselho Estadual de Saúde. Casado em segundas núpcias com d. Maria Arlinda Correia, deixa netos de três filhos, Maria Graciela Meienberg Fadul , Antonio Carlos M. Fadul e Wilson Fadul Filho. Eduardo Costa, em seu livro “50 anos desta noite” , que colheu depoimento de Fadul, diz que ele foi exemplo de honestidade de princípios e dedicação às causas da saúde do povo brasileiro.