Nesta semana, o ministro da Fazenda Guido Mantega salientou que os bancos privados vêm obtendo há ano enormes lucros e podem colaborar para o sucesso dessa política, algo que vem sendo cobrado pelas centrais sindicais e pelos empresários nas mobilizações do Grito de Alerta.
Segundo do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, o governo federal age corretamente ao fazer esse enfrentamento. Para ele, apenas a redução na taxa de juros dos últimos meses não é o bastante para incentivar a produção e o desenvolvimento do país. “É muito mais rentável investir no sistema financeiro que na produção. Essa realidade precisa ser alterada”, defende o dirigente.
Sindicalistas e empresários têm discutido há alguns meses sobre como enfrentar a desindustrialização no país. Como resultado desse diálogo, surgiu o movimento Grito de Alerta, que desde março vem realizando mobilizações em diversas cidades do Brasil, a fim de demonstrar para a sociedade o atual cenário do país e propor para o governo federal uma série de mudanças, no sentido de incentivar a produção e a geração de empregos de qualidade.
“A verdade é que os banqueiros, embriagados pela ganância, não querem abrir mão sequer de um centavo dos lucros colossais que auferem e mal disfarçam o desejo de abocanhar um pouco mais forçando novas renúncias fiscais da União”, critica Wagner Gomes.
Mudanças
Para Mantega, além de reduzir o chamado “spread”, existe a possibilidade de os bancos privados baixarem as taxas oferecidas aos correntistas. “A lucratividade dos bancos continua elevada. No ano passado os bancos no Brasil ficaram entre os mais lucrativos do mundo. Acho bom isso, os bancos podem ter lucros, mas a partir de crédito, a partir de atividade de econômica de empréstimo e sem afligir o consumidor”, defende o ministro.
Nesta sexta-feira, o HSBC anunciou que vai reduzir os juros em algumas linhas de crédito para pessoas físicas, tornando-se o primeiro banco privado a adotar a política iniciada por BB e Caixa.
“É graças aos juros extorsivos que os bancos conseguem manter seu lucro nas alturas, mesmo em um ano como o de 2011, de baixo crescimento no Brasil”, argumenta o presidente da CTB. “Esse chororô das grandes instituições bancárias não têm qualquer razão de ser”, complementa.
As centrais e os empresários ligados ao setor produtivo têm sido claros em suas manifestações: somente a partir de mudanças ousadas na macroeconomia haverá condições para que a indústria nacional se fortaleça. “Iremos continuar nessa luta para mostrar ao Brasil que temos totais condições de nos desenvolver, mas no atual cenário nosso crescimento continuará comprometido. É hora de enfrentar o sistema financeiro e apoiar o consumo, a produção e a valorização do trabalho”, sustenta Wagner Gomes.
Fonte: Portal da CTB