A juíza Ana Claudia Barreto, da 5ª Vara Criminal do Distrito Federal,
determinou hoje a noite a libertação do bicheiro Carlinhos
Cachoeira. O alvará de soltura do contraventor, cujas atividades
motivaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) no Congresso Nacional, foi expedido às 19h01. Preso desde o dia
29 de fevereiro, Cachoeira, atualmente no presídio da Papuda, em
Brasília, deve ser libertado ainda nesta terça.
A expedição do alvará ocorreu após a juíza do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal ter confirmado a condenação do bicheiro a cinco anos de
reclusão pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência
em regime semiaberto. A sentença se refere às atividades do contraventor
em esquemas criminosos no Distrito Federal, investigados pela Operação
Saint Michel, desencadeada pela Polícia Civil do DF.
Para os policiais, o bando de Cachoeira tentou fraudar o sistema de
bilhetagem eletrônica do transporte público na capital federal, tentando
infiltrar uma empresa sul-coreana na empresa pública de transporte do
Distrito Federal e, com isso, obter 50% dos lucros do contrato de
bilhetagem.
Paralelamente à decisão de soltar Cachoeira, determinada nesta
terça-feira, a defesa do bicheiro já havia impetrado um novo pedido de
habeas corpus para garantir sua liberdade. No entanto, um pedido de
vista interrompeu a conclusão do caso. Com a autorização de liberdade
decretada hoje, na retomada do outro julgamento, a solicitação deve ser
declarada prejudicada.
De acordo com o criminalista Antonio Nabor Bulhões, que atua na defesa
do contraventor, com a confirmação do alvará, a 5ª Vara encaminhará a
decisão judicial ao presídio que, por lei, vai verificar a veracidade do
documento. Em seguida, antes da libertação do condenado, é realizado um
exame médico para atestar as condições físicas do detento.
Monte Carlo – Carlinhos Cachoeira foi o protagonista
da Operação Monte Carlo, que revelou que o esquema de contravenção que
atuava para corromper empresas e governos estaduais em proveito do
esquema criminoso. Os braços da quadrilha envolviam a construtora Delta,
uma das maiores empreiteiras com maior contrato junto ao governo
federal.
No périplo judicial do bicheiro goiano, sua principal batalha era
tentar anular os grampos telefônicos que desvendaram a relação próxima
de governos estaduais, como o de Goiás, e de empresas laranjas no
esquema criminoso relevado por escutas da Operação Monte Carlo da
Polícia Federal. Se consideradas ilegais as interceptações, feitas com
autorização da Justiça, os réus presos seriam libertados por falta de
base para acusação. O Tribunal Regional Federal da 1º Região, em
Brasília, considerou todos os grampos dentro da lei.
A partir da denúncia anônima de um esquema ilegal de exploração de
jogos, o Juiz de Direito da 1ª Vara de Valparaíso de Goiás havia
autorizado a quebra dos sigilos telefônicos de Carlinhos Cachoeira e de
seus comparsas, garantindo a investigação.
Fonte: Veja