Portanto, não são de natureza política os problemas que o governo Rosalba enfrenta – nesse campo lhe sobram apoios. Rosalba, que prometeu ao Rio Grande do Norte uma gestão moderna, eficiente, capaz de tirar o estado do atraso, tem dado sinais, isto sim, neste um ano e meio de mandato, de que o seu governo é carente mesmo é de uma boa gestão, de capacidade administrativa.
E nada parece lhe convencer a tirar o olho do retrovisor e arregaçar as mangas para achar o seu próprio caminho. Se o seu primeiro ano de governo foi marcado pelos ataques constantes ao governo anterior – Wilma e Iberê – , também chegamos na metade do segundo ano de governo e o Rio Grande do Norte continua à espera de uma gestão eficiente, moderna, capaz de “reconstruir” o que Rosalba e seus aliados denunciaram como má gestão dos antecessores. E enquanto a lenga a lenga das críticas persistem e se tornam marcas da gestão atual, até o momento não se conhecem projetos relevantes do governo que sejam, como prometido, capazes de abrir novos horizontes para o estado.
Ultimamente a governadora passou a personalizar ainda mais suas criticas. Recentemente, anunciou em discurso: “No meu Governo não tem Foliaduto, não tem Operação Higia, não tem Ouro Negro. No meu Governo não tem essas operações que envergonhavam o nosso Estado pelo Brasil todo” – referindo-se assim aos escândalos denunciados no governo Wilma de Faria (PSB).
Mais do que marcar uma diferença em relação à sua antecessora, Rosalba parece se aprofundar nas críticas ao passado na mesma proporção em que crescem na sociedade as críticas à sua própria gestão, que enfrenta graves problemas em áreas essenciais como saúde, educação e segurança públicas – índices oficiais registram até uma piora nesses serviços na administração do DEM.
Talvez a sua estratégia, aparentemente muito equivocada, seja se agarrar às denúncias, que envolvem seus antecessores e que estão sendo apuradas pela justiça, na esperança de colocá-las no topo da pauta da discussão política, ainda mais com a proximidade das eleições municipais, como forma de desviar a atenção de seu próprio fracasso administrativo e, consequentemente, das muitas falhas nas promessas feitas em praça pública.
O fracasso chega a ser contraditório: enquanto a saúde vive um estado de calamidade pública, e só piora, não tem como esquecer que, ironicamente, a governadora é médica pediatra. Portanto, é em um estado comandando por uma profissional da saúde que todos os dias morrem crianças, jovens, adultos e idosos nos hospitais públicos por absoluta falta de equipamentos e estrutura. Médicos e profissionais da saúde dizem abertamente que diariamente há um genocídio assistido nas unidades de saúde pública do estado. E isso é crime. É a ausência total do estado na proteção dos cidadãos e cidadãs.
No campo econômico o governo Rosalba sofre também da falta de rumo, da ausência de um projeto de desenvolvimento para o Rio Grande do Norte. A indústria, o turismo, o comércio, o setor de serviços estão entregues ao Deus dará às vésperas da Copa do Mundo/2014. Sem rumo, o Rio Grande do Norte caminha para a Copa/2014. Podemos perder uma grande oportunidade, especialmente o turismo, grande fonte de geração de empregos e divisas.
Analisando, assim, todos esses aspectos, sabe o quê parece? Rosalba, de forma surpreendente e incompreensível, parece querer copiar a trajetória da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), que, sem nunca tirar o olho do retrovisor e também sem conseguir vencer seu fracasso como gestora, amarga uma desaprovação administrativa da ordem de 90% dos natalenses.
A governadora potiguar já alcança 75 de desaprovação. A continuar assim, em breve Rosalba alcançará Micarla na corrida pela disputa do maior índice de desaprovação de um governo.
Mais: assim como Rosalba continua com franco apoio na Assembleia, a despeito de suas dificuldades de gestão, Micarla, apesar de ser desaprovada por 90% dos natalenses, também não tem problema político na Câmara Municipal de Natal, mantendo o apoio de 90% dos vereadores.
Ambas, sem problemas políticos nas casas legislativas, nem mesmo para uma cobrança maior de resultados administrativos, não conseguem implantar uma gestão moderna e eficiente e Natal e o Rio Grande do Norte vivem um dos piores momentos de suas histórias.
Rosalba e Micarla percorreram os mesmos caminhos. Prometeram durante suas campanhas eleitorais realizar boas gestões e quando assumiram preferiram só atacar seus antecessores. Passaram seus primeiros anos olhando pelo retrovisor e se esqueceram de governar o seu tempo. Só olharam para o quintal do vizinho e esqueceram de cuidar do quintal delas.