Brasília (AE) - O Democratas homologa hoje o senador José Agripino Maia (RN) como novo presidente, em convenção nacional, ao mesmo tempo em que o comando do partido opera politicamente para reduzir as dissidências internas. Conscientes de que não podem impedir mais a desfiliação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o partido discute agora a tentativa de preservação da filiação do vice prefeito da capital paulista, Guilherme Afif Domingos. Setores do partido defendem a manutenção de Afif, um dos principais quadros do DEM em São Paulo. Esse grupo avalia que se Afif seguir Kassab na desfiliação produzirá um desfalque ainda maior da legenda num de seus principais redutos.
geraldo magela/as
Agripino: liderança em meio a manobras para enfraquecer o DEM no principal colégio eleitoral
O problema é que o grupo majoritário do Democratas acha que a mobilização faz parte de uma estratégia que seria defendida pelo próprio Kassab. Nessa hipótese, eles avaliam que Kassab estaria incentivando aliados próximos, como Afif e o deputado federal Rodrigo Garcia a se manterem filiados ao DEM, preservando sua influência na legenda e até preparando um terreno futuro, caso seus planos de fundação de um novo partido, o PDB, e de futura fusão com o PSB enfrentem problemas.
Independentemente disso, Afif hoje tem um importante papel estratégico dentro do DEM, em São Paulo. Aliado direto de Kassab, ele é um dos nomes mais cotados para encabeçar a chapa de sucessão do prefeito, com seu apoio. Se permanecer no Democratas, essa articulação poderá não receber o apoio do atual grupo majoritário, mais próximo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Se deixar a legenda, Afif certamente será o candidato bancado pelo prefeito para sucedê-lo no cargo. O problema é que o futuro PDB ainda precisará montar toda sua estrutura para bancar uma campanha estadual - o que não é complicado para uma legenda que terá o prefeito da maior cidade do País como seu principal nome. No DEM, sem Kassab, a atual estrutura municipal será desmontada, embora o partido conserve tempo de televisão e fundo partidário, essenciais para uma campanha. Kassab ainda precisará construir essas pontes na nova legenda.
Sem saber o desfecho dessa negociação, a futura direção do DEM tenta aproveitar a convenção nacional para tentar obter um pouco de paz interna. Desgastado pelo mau resultado da eleição, que reduziu sua bancada para apenas 44 deputados e 5 senadores - o partido chegou a ter mais de cem representantes na Câmara durante os governos de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso - o partido quer mudar sua agenda interna e trabalhar novas prioridades para as próximas eleições.
O partido volta suas atenções para os eleitores da nova classe média, consolidada durante os oito anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a ascensão das classes mais baixas, graças ao seu aumento de renda. Um dos pontos centrais será cobrar a presença do Estado como prestador e fiscalizador de serviços.
Fonte: Jornal Tribuna do Norte