Nunca antes na história do Rio Grande do Norte...
Faço trocadilho com esse bordão que o presidente Lula costuma bradar, ufanisticamente, para me situar no pindorama potiguar. É nosso universo prioritário em notícias e análises.
Nunca antes na história do Rio Grande do Norte, o segundo voto ao Senado foi tão disputado.
Por quê?
A pergunta é necessária. É para tentarmos - juntos - decifrar essa esfinge, que produzirá alguma derrota retumbante e, ainda, vitórias reluzentes.
Ao longo da história republicana do Brasil, com quase 120 anos, sempre houve pompa e luta feroz em torno da disputa ao Senado. Não por acaso. O posto é de caráter majoritário, onde o voto resulta na eleição de um representante do Estado à chamada Alta Câmara.
O Senado - no sistema parlamentar bicameral (duas câmaras) - é o que garante, pelo menos de forma teórico-legal, o sentido de federação ao Estado brasileiro. O Estado Federal (União) e os estados federados (estados) possuiriam a garantia de unidade e isonomia no tratamento.
Até bem poucos anos, no Rio Grande do Norte, havia praticamente um acordo velado para que cada grupo hegemônico lançasse um nome competitivo às campanhas com duas vagas ao Senado. Pronto. Assim, mantinham seus espaços e fechavam as portas às forças alternativas.
Em 2010 ocorre um impasse. A elite política potiguar não se afinou o suficiente, para repetir a fórmula. Daí vem à baila um cenário novo. Nunca antes na história...
A governadora Wilma de Faria (PSB) é pré-candidata ao Senado. Seu nome, ninguém tem dúvida, é fortíssimo. Do outro lado, na oposição, os senadores Garibaldi Filho (PMDB) e José Agripino (DEM). Da mesma forma que Wilma, dois titâs.
Aposentadoria
Só que temos apenas duas cadeiras ao Senado. Como resolver esse impasse, já que os três serão candidatos? Não ocorrendo imprevisto, desistência ou alguma hecatombe, um deles chega ao fim da linha. Passa praticamente à aposentadoria.
O segundo voto passa a ser diferencial, porque não há sentido de partido, nenhum sentimento ideológico e menos ainda princípios políticos em jogo. Vale o vale tudo porque essa mesma elite política prioriza a própria pele: quer se manter no cume do poder.
A verticalização foi derrubada, porque não servia aos interesses de quem há décadas dá as cartas na política brasileira. Daí a importância do segundo voto.
Ninguém é de ninguém, como se todos habitassem um serralho periférico. O próprio eleitor e os próceres políticos da capital ao interior não podem ser cobrados quanto à fidelidade. Não há nada que os obrigue a votar "de cabo a rabo" na mesma chapa partidária-coligação.
Na prática, sem que necessariamente exista de direito, nos catapultam ao passado primitivo das "candidaturas avulsas". Partidos viraram alegorias. Às vezes possuem utilidade à obtenção de tempo em programas de rádio e TV, além de retóricas que justifiquem adesões ou traições.
Agripino e Garibaldi firmam cavilosamente um pacto de troca de votos e pedido de apoios em conjunto, mas não dispensam voto-casado com Wilma. Wilma não passa ao ataque contra nenhum deles, para não mexer com a suscetibilidade do eleitor e sonhar com o segundo voto.
Esse quadro é censurável. Mas dos males, o menor.
Pior seria a exumação do abjeto "senador biônico", criado pelo regime militar em 1977.
O governo perdera o pleito de 1974 para o MDB em 16 dos 22 estados. Adiante, criou o biônico (eleição indireta) para garantir mandato de alguns "caciques" - caso de Dinarte Mariz (1978).
Faço trocadilho com esse bordão que o presidente Lula costuma bradar, ufanisticamente, para me situar no pindorama potiguar. É nosso universo prioritário em notícias e análises.
Nunca antes na história do Rio Grande do Norte, o segundo voto ao Senado foi tão disputado.
Por quê?
A pergunta é necessária. É para tentarmos - juntos - decifrar essa esfinge, que produzirá alguma derrota retumbante e, ainda, vitórias reluzentes.
Ao longo da história republicana do Brasil, com quase 120 anos, sempre houve pompa e luta feroz em torno da disputa ao Senado. Não por acaso. O posto é de caráter majoritário, onde o voto resulta na eleição de um representante do Estado à chamada Alta Câmara.
O Senado - no sistema parlamentar bicameral (duas câmaras) - é o que garante, pelo menos de forma teórico-legal, o sentido de federação ao Estado brasileiro. O Estado Federal (União) e os estados federados (estados) possuiriam a garantia de unidade e isonomia no tratamento.
Até bem poucos anos, no Rio Grande do Norte, havia praticamente um acordo velado para que cada grupo hegemônico lançasse um nome competitivo às campanhas com duas vagas ao Senado. Pronto. Assim, mantinham seus espaços e fechavam as portas às forças alternativas.
Em 2010 ocorre um impasse. A elite política potiguar não se afinou o suficiente, para repetir a fórmula. Daí vem à baila um cenário novo. Nunca antes na história...
A governadora Wilma de Faria (PSB) é pré-candidata ao Senado. Seu nome, ninguém tem dúvida, é fortíssimo. Do outro lado, na oposição, os senadores Garibaldi Filho (PMDB) e José Agripino (DEM). Da mesma forma que Wilma, dois titâs.
Aposentadoria
Só que temos apenas duas cadeiras ao Senado. Como resolver esse impasse, já que os três serão candidatos? Não ocorrendo imprevisto, desistência ou alguma hecatombe, um deles chega ao fim da linha. Passa praticamente à aposentadoria.
O segundo voto passa a ser diferencial, porque não há sentido de partido, nenhum sentimento ideológico e menos ainda princípios políticos em jogo. Vale o vale tudo porque essa mesma elite política prioriza a própria pele: quer se manter no cume do poder.
A verticalização foi derrubada, porque não servia aos interesses de quem há décadas dá as cartas na política brasileira. Daí a importância do segundo voto.
Ninguém é de ninguém, como se todos habitassem um serralho periférico. O próprio eleitor e os próceres políticos da capital ao interior não podem ser cobrados quanto à fidelidade. Não há nada que os obrigue a votar "de cabo a rabo" na mesma chapa partidária-coligação.
Na prática, sem que necessariamente exista de direito, nos catapultam ao passado primitivo das "candidaturas avulsas". Partidos viraram alegorias. Às vezes possuem utilidade à obtenção de tempo em programas de rádio e TV, além de retóricas que justifiquem adesões ou traições.
Agripino e Garibaldi firmam cavilosamente um pacto de troca de votos e pedido de apoios em conjunto, mas não dispensam voto-casado com Wilma. Wilma não passa ao ataque contra nenhum deles, para não mexer com a suscetibilidade do eleitor e sonhar com o segundo voto.
Esse quadro é censurável. Mas dos males, o menor.
Pior seria a exumação do abjeto "senador biônico", criado pelo regime militar em 1977.
O governo perdera o pleito de 1974 para o MDB em 16 dos 22 estados. Adiante, criou o biônico (eleição indireta) para garantir mandato de alguns "caciques" - caso de Dinarte Mariz (1978).
Extraído do Blog do Carlos Santos